Gentilezas, Não Metas
- carolinemudinutti
- 8 de jan.
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Metas falham. E não falham porque nos faltam disciplina ou força de vontade, mas porque, muitas vezes, as tratamos como punições disfarçadas de crescimento. Elas chegam carregadas de obrigações e cobranças, ditadas no mesmo tom severo com que imaginamos alguém nos mandando: "Este ano, você TEM que emagrecer. TEM que estudar mais. TEM que..." Esse tom, opressor e implacável, nos coloca em uma relação de confronto com nós mesmos, como se o desejo de melhorar fosse algo que precisa vir acompanhado de sacrifício e sofrimento.
O problema é que ninguém quer conviver com um carrasco, nem mesmo quando esse carrasco está dentro de nós. Por isso, as metas morrem em janeiro. Elas são expulsas, banidas, porque simplesmente não encontramos espaço para carregar algo que só nos cobra, nos pressiona e nunca nos acolhe.
Mas e se olhássemos para nossas metas de outra forma? E se, em vez de tratá-las como fardos, as encarássemos como gentilezas que oferecemos a nós mesmos? Porque buscar o crescimento não precisa ser um ato de autossabotagem mascarado de força. Ele pode — e deve — ser um gesto de cuidado, uma maneira de dizer: "Eu me importo comigo."
Há uma diferença enorme entre pensar "TENHO que parar de comer doce" e "Hoje posso comer mais salada e menos doce, porque isso me faz bem." A primeira frase carrega uma agressão, uma imposição que nos faz sentir insuficientes. A segunda, porém, é um convite, uma escolha gentil que reconhece nossas necessidades e limitações. Não é sobre fraqueza, mas sobre firmeza em forma de bondade.
Gentilezas, ao contrário das metas punitivas, não precisam ser perfeitas. Elas não cobram que você acerte todos os dias, mas celebram cada pequeno esforço. Comer uma fruta antes do brigadeiro para ter mais saciedade não é um "tenho que," mas um "posso fazer isso por mim." Gentilezas abrem espaço para o aprendizado, para a flexibilidade, para o progresso que não vem pela força, mas pelo carinho.
Talvez seja hora de abandonarmos as metas que nos tratam como inimigos e abraçarmos uma abordagem mais compassiva. Não se trata de desistir de crescer, mas de mudar o tom da conversa interna. Porque a verdadeira transformação acontece quando cuidamos de nós mesmos, não quando nos agredimos.
Então, que tal substituir suas metas por gentilezas? Em vez de "Tenho que estudar mais," experimente "Hoje posso ler algo que vai me que queria muito aprender." Em vez de "Tenho que me exercitar," pense "Hoje posso caminhar porque isso me alivia minhas tensões." Pequenas escolhas, feitas com cuidado e intenção, têm um impacto mais duradouro do que as maiores promessas feitas sob pressão.
Gentilezas não morrem em janeiro porque não são um peso a carregar. Elas se tornam parte de quem somos, pequenos gestos diários que acumulam, que transformam, que nos fazem querer continuar. Afinal, crescer não precisa ser uma guerra contra si mesmo. Pode ser, simplesmente, um ato de amor.
Carlos Nascimento
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